30 setembro 2007


Eu queria ser largo e belo feito o vento


Eu é que passo
E não o tempo.
Sem pele e sem tato

Tento tocar tua pele
com meu tato
intenso.
Tento sem voz e sem pressa
Levar ao teu ouvido
meu som de silêncio puro
e atento.
Tento sem cheiro e sem corpo
Lamber tua carne
impregnar meu cheiro lento
do teu perfume
que exala a doçura da vida
e o alento.
Tento sem pernas e sem pressa
Passar por ti
E te fazer me notar sem me ter
sou o estado sem pessoa
que está contigo
imenso
Eu queria passar, a qualquer hora,
Pelas brechas do teu rosto
que é triste,
e imerso em ti,
ir sem rumo ao teu infinito
caminhar nos descaminhos dos teus pés.
Infiltrar-me
Encarcerar-me
Nos anseios que invento
Com a minha língua seca
delinear tuas formas
Porque eu não sou mais eu,
Sou tu.
Vem, tu,
desenhar em mim o teu feitio,
Eu queria ser feito no teu cabelo
Largo e belo feito o vento.

5 comentários:

Jeisy Rocha disse...

gostei,gostei...mas ainda achei meio confuso.

;o

Ninguém disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ninguém disse...

Nossaaa...



Nos envolve com bastante intensidade... me fez não apenas ler, mas também, sentir o toque das palavras.

Sem igual.

Ultra-perfeito.

=*

Marcos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marcos disse...

De fato é bem interessante . Desculpe , mas pareceu -me realmente confuso em algumas partes, mas ( o que me pareceu aliteração ) aliteração na medida certa e o clima embriagante e , se permite disser , até nostálgico do seu poema mostrou uma nova forma de encarar o amor, parece batidodisser num poema que ama alguém tanto que se torna a pessoa amada ( acho que Camões disse algo parecido ), mas o que fazer se o amor se torna isso, ora ! quem disser que estou enganado é porque não ama ou então acha que amar assim é cafona , bem... Acho que quem começou a ler esse comentário já deve estar querendo dormir de tanto tédio , então , vou abreviar. Seu poema, em aspectos gerais ,demonstra uma grande habilidade morfológica e sintática do autor ( no caso sua , não é ?) , pareceu um pouco trovador com o que entendi como uma idealização da mulher .
Achei belo esse poema.
Mas ainda estou tentando compreende-lo na integra.Mas isso deve ser pela minha falta de tecnica, mas acho que já estou começando a entender, só mais um pouquinho e ...
Muito legal !!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Quem sou eu

Sou o que ninguém sabe e o que todo mundo conhece ou cobiça saber. Não me compreendem porque não me entendem. Não me entendem porque não me compreendem. É fácil. Se há certeza, é a duvida de tudo. Se há dúvida, é a certeza apavorante de não saber nada disso, nem daquilo, nem de coisa alguma. Não sou paradoxo, nada de versos sobre minha exatidão, sou imprecisão exata, abstração concreta, sou eu, só eu tão mim-mesmo. Se me queriam outro, por que procuram-me? Procurem outro, ou escavem esse outro em mim, tenho milhares de mins num eu. Ora, sou matéria palpável e dita de um absurdo impalpável e indizível. Só me entende quem não me quer entender. Não sou resposta, já disse, nem tenho respostas, sou a pergunta aberta e fria que nunca cansa de ser dúvida, que não cessa da convicção de não saber quem sou.
"A vida inteira estive em tudo como um deus, eu era todas as coisas de uma só vez, era a prece e a sentença, a entrega e a perdição, as juras e todo o pecado. A vida inteira cabia em mim porque eu era a vida inteira dentro de mim, até perceber que eu faltava a mim... perdi tudo sem nunca ter tido coisa nenhuma".