Sonopoema
Escrevo enquanto durmo
isso me fere o sono.
Escrevo, escrevo
tanto sonho escrito no sono
assonâncias, ânsias,
assonhâncias.
Ronco, babo, deliro
me enrosco na colcha
e no travesseiro do verso.
Depois acordado tudo se foi
nem um verso a mais perambula
insone pelo quarto,
nada, nada, nadinha.
Pensamento perdido
ou encontrado?
O poeta verdadeiro dorme
ou desperta?
Os mais lindos poemas
ficarão para sempre
dormindo dentro de nós
sonolentos
O homem acordado sonha lento
e o poeta que dorme nele
talvez nunca mais acorde
do seu sono lento.
Geovane Belo, 06 de novembro